De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Regional São Paulo (SBOT-SP), o ortopedista é uma das especialidades médicas mais procuradas pelos brasileiros.
Para além da importância da saúde assistencial, os profissionais da ortopedia também desempenham um papel importante na manutenção da saúde ocupacional.
Nesse texto exploraremos como essa especialidade médica contribui para garantir a segurança e bem-estar no ambiente de trabalho, e como suas orientações podem contribuir para uma empresa mais saudável e produtiva.
O que faz o ortopedista?
Um ortopedista é um médico especializado em ortopedia, uma área da medicina que se concentra no diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças e lesões do sistema musculoesquelético.
O sistema musculoesquelético é composto por ossos, músculos, articulações, ligamentos, tendões e outros tecidos conectivos que proporcionam suporte estrutural ao corpo e permitem o movimento.
Quais as principais atuações do ortopedista?
O papel do ortopedista é abrangente e inclui lidar com uma variedade de condições, desde problemas congênitos até traumas, lesões esportivas, desgaste articular relacionado à idade e doenças degenerativas.
Logo abaixo destrinchamos diferentes etapas onde o profissional da ortopedia está presente com sua atuação.
Diagnóstico
O ortopedista avalia os pacientes, realiza exames físicos, revisa o histórico médico e, se necessário, solicita exames de imagem, como radiografias, tomografias ou ressonâncias magnéticas, para obter um diagnóstico preciso da condição do paciente.
Tratamento não cirúrgico
Muitas condições ortopédicas podem ser tratadas sem a necessidade de cirurgia. Nesses casos, o ortopedista pode prescrever medicamentos, fisioterapia, terapia ocupacional ou outras intervenções conservadoras para aliviar a dor, melhorar a função e promover a recuperação.
Cirurgia ortopédica
Quando o tratamento não cirúrgico não é suficiente ou não é apropriado para a condição do paciente, o ortopedista pode recomendar cirurgia. Eles são treinados para realizar uma variedade de procedimentos cirúrgicos, como reparo de fraturas, substituição de articulações, correção de deformidades e reconstruções ligamentares.
Reabilitação
Depois de uma cirurgia ou tratamento não cirúrgico, o ortopedista trabalha em conjunto com terapeutas e especialistas em reabilitação para garantir que os pacientes recebam a devida atenção durante o processo de recuperação, visando a restauração da funcionalidade e retorno às atividades normais.
Prevenção
Para além de tratar doenças e lesões musculoesqueléticas, os ortopedistas também se concentram na prevenção de futuros problemas. Eles podem fornecer orientações sobre exercícios, postura adequada, técnicas de levantamento e outras medidas preventivas para evitar lesões e melhorar a saúde geral.
Ortopedia e saúde ocupacional
O cuidado ortopédico no ambiente de trabalho é algo de extrema importância, especialmente em setores que envolvem atividades físicas, manuseio de cargas pesadas e posturas que podem interferir negativamente na movimentação do corpo, com riscos de lesões musculoesqueléticas.
Por isso, para evitar riscos à saúde corporal dos colaboradores, as normas regulamentadoras estabelecem diretrizes de ergonomia para a realização de vários tipos de atividades econômicas.
De acordo com a NR-17, de ergonomia, a empresa deve realizar a avaliação ergonômica preliminar das atividades e equipar o ambiente de trabalho com os aparatos necessários para que o impacto sobre os colaboradores não seja nocivo.
Vale pontuar que a aplicação das diretrizes da NR-17 devem estar em sintonia com o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Ambos devem ser feitos por especialistas em segurança do trabalho, como a equipe da Salú.
Ortopedia e acidentes de trabalho
Quando se trata de acidentes de trabalho, a prevenção é sempre o foco primordial. Para que isso seja efetivo, a empresa deve garantir um bom gerenciamento de riscos ocupacionais (GRO).
Mesmo assim, é possível que ocorram acidentes com nexo causal no ambiente de trabalho. Nesses casos, a empresa precisa emitir uma Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) de acordo com o tempo estipulado pelas normas regulamentadoras.
Muitos casos de comunicação de acidente de trabalho envolvem questões ortopédicas. Essas ocorrências passam a compor o histórico de acidentes dos colaboradores, também abreviado como PPP.
Quando um acidente de trabalho afeta diretamente a estrutura musculoesquelética, o contato com o ortopedista passa a ser constante, tanto pelo plano de saúde quanto pela realização de exames ocupacionais.
Em casos de afastamento das atividades, é possível que o médico do trabalho solicite exames complementares para atestar a aptidão do colaborador acidentado.
Se por um lado o RH precisa auxiliar o colaborador a lidar com todas as questões previdenciárias, por outro, há uma responsabilidade de gestão de despesa com o plano de saúde, além dos eventos do eSocial referentes à saúde e segurança do trabalho.
Ou seja: quanto mais a empresa investir em prevenção, menos dor de cabeça ela terá com a gestão acidentária.
Exemplos de acidente de trabalho ortopédicos
Uma pesquisa divulgada em 2022 evidenciou que as duas principais causas de afastamento do trabalho no ano anterior estão relacionadas a complicações ortopédicas.
Grande parte das ocorrências ortopédicas enfrentadas no ambiente de trabalho estão ligadas à ergonomia e gestão de riscos. Isso reitera a uma lição importante de que a prevenção deve sempre vir em primeiro lugar.
Neste outro blogpost, explicamos com mais detalhes sobre os níveis de prevenção em saúde. Os níveis de prevenção são um referencial importante para a saúde corporativa. Faça a leitura do post em seguida, pois as ideias dele complementam a desta publicação!
Em relação aos acidentes, elencamos os 3 principais tipos abaixo:
1. Lesões por Esforço Repetitivo (LER)
Também conhecidas como Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), são lesões que ocorrem devido a movimentos repetitivos, como digitação constante em computadores ou uso repetido de ferramentas manuais.
Entre as mais frequentes, destacam-se a bursite, caracterizada pela inflamação das bursas (bolsas ao redor das articulações), e a tendinite, que envolve a inflamação dos tendões.
2. Fraturas
Fraturas de ossos são um risco frequente em ambientes de trabalho que não possuem condições adequadas de segurança ou preparo para prevenir acidentes.
Essas ocorrências são mais comuns em locais com condições precárias e podem resultar em danos graves nos membros dos colaboradores, ocasionando não somente problemas de saúde, mas também levando ao afastamento dos trabalhadores e impactando a gestão de absenteísmos do RH.
3. Lesões na coluna
Lesões na coluna vertebral são um sério problema que pode surgir no ambiente de trabalho, especialmente quando posturas inadequadas são adotadas e cargas pesadas são levantadas de forma incorreta.
Essas más práticas podem ocasionar diversas condições, como hérnias de disco e lombalgias, que afetam significativamente a saúde e qualidade de vida dos trabalhadores.
Essas são apenas algumas das condições ortopédicas comuns encontradas em ambientes de trabalho. É importante que a empresa esteja ciente dos riscos e implemente medidas preventivas adequadas para garantir uma segurança efetiva de seus colaboradores.
Como o ortopedista pode contribuir para a saúde ocupacional?
Considerando todos aspectos discutidos até aqui, torna-se evidente que o ortopedista desempenha um papel crucial ao prevenir, diagnosticar e tratar condições que podem emergir no contexto de trabalho. Logo, esse especialista é imprescindível em uma equipe para assegurar o bem-estar dos trabalhadores.
As contribuições do ortopedista para a saúde do trabalho pode ocorrer por várias vias, veja alguma delas abaixo:
Gestão de Riscos
Os ortopedistas podem colaborar com profissionais de segurança do trabalho para identificar riscos ergonômicos e biomecânicos específicos em um ambiente de trabalho e propor medidas preventivas para reduzir a incidência de lesões.
Prevenção de Lesões
Os ortopedistas podem fornecer orientações sobre práticas de trabalho seguras, posturas adequadas, ergonomia e técnicas corretas de levantamento de cargas, com o objetivo de evitar lesões musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho.
Diagnóstico Precoce
Quando ocorre uma lesão musculoesquelética, é fundamental um diagnóstico precoce para evitar a progressão da condição e iniciar o tratamento adequado. O ortopedista é especializado em identificar e diagnosticar essas condições de maneira precisa.
Um dos níveis de prevenção ocorre quando há o diagnóstico precoce. Nesse estágio, o objetivo principal é garantir que a doença não avance. Não se esqueça de ler o texto sobre níveis de prevenção!
Tratamento Especializado
Caso os trabalhadores sofram lesões ou desenvolvam condições ortopédicas devido ao trabalho, o ortopedista é responsável por fornecer o tratamento adequado, seja ele conservador (como fisioterapia, medicação e reabilitação) ou cirúrgico, quando necessário.
No mais, é importante reiterar o cumprimento das diretrizes de Saúde e Segurança do Trabalho (SST), como as Normas Regulamentadoras (NRs) a fim de promover uma saúde ocupacional plena.
Essas medidas são fundamentais para garantir uma saúde ocupacional plena e proteger os trabalhadores de potenciais riscos e danos à sua integridade física e bem-estar no ambiente de trabalho..
Investir na adoção responsável dessas diretrizes contribui não apenas para um ambiente de trabalho mais seguro, mas também para uma produtividade elevada e uma equipe saudável e motivada.
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